segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Realismo X Naturalismo

Realismo

Movimento artístico
que se manifesta na segunda metade do século XIX. Caracteriza-se pela
intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por
temas sociais. O engajamento ideológico faz com que muitas vezes a
forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a
denúncia social. O realismo representa uma reação ao subjetivismo do
romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteúdo
ideológico leva ao naturalismo. Muitas vezes realismo e naturalismo se
confundem.

A tendência
expressa-se sobretudo na pintura. As obras privilegiam cenas cotidianas
de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das
cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês
Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas
pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica.
São marcantes suas telas Os Quebradores de Pedra, que mostra operários,
e Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma pessoa do povo.
Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré
Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também
destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais
tarde, ao impressionismo. Sua tela Olympia exibe uma mulher nua que
“encara” o espectador.

O realismo na
Literatura manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o
parnasianismo. O romance – social, psicológico e de tese – é a
principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e torna-se
veículo de crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à
hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a
sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e
direta.

Na passagem do
romantismo para o realismo misturam-se aspectos das duas tendências. Um
dos representantes dessa transição é o escritor e dramaturgo francês
Honoré de Balzac (1799-1850), autor do conjunto de romances Comédia
Humana. Outros autores importantes são os franceses Stendhal
(1783-1842), que escreve O Vermelho e o Negro , e Prosper Merimée
(1803-1870), autor de Carmen, além do russo Nikolay Gogol (1809-1852),
autor de Almas Mortas.

O marco inicial do
realismo na Literatura é o romance Madame Bovary , do francês Gustave
Flaubert (1821-1880). Outros autores importantes são o russo Fiódor
Dostoiévski (1821-1881), cuja obra-prima é Os Irmãos Karamazov; o
português Eça de Queirós (1845-1900), que escreve Os Maias; o russo
Leon Tolstói (1828-1910), criador de Anna Karenina e Guerra e Paz; os
ingleses Charles Dickens (1812-1870), autor de Oliver Twist, e Thomas
Hardy (1840-1928), de Judas, o Obscuro.

A tendência
desenvolve-se também no conto. Entre os mais importantes autores
destacam-se o russo Tchekhov (1860-1904) e o francês Guy de Maupassant
(1850-1893).

Com o realismo,
problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é
substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se
coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre
Dumas Filho (1824-1895), autor da primeira peça realista, A Dama das
Camélias (1852), que trata da prostituição.

Fora da França, um
dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Em Casa de
Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher. São
importantes também o dramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936),
autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann
(1862-1946), autor de Os Tecelões.

Entre
os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo burguês,
nascido na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o
cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se destacam Belmiro
de Almeida (1858-1935), autor de Arrufos, que retrata a discussão de um
casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de O Descanso do Modelo.
Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido
com as classes populares, como em Caipira Picando Fumo.

O realismo
manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O
romance é a principal forma de expressão, tornando-se veículo de
crítica a instituições e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os
preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados
com linguagem clara e direta.

O realismo atrai
vários escritores, alguns antes ligados ao romantismo. O marco é a
publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que
faz uma análise crítica da sociedade da época. Ligados ao regionalismo
destacam-se Manoel de Oliveira Paiva (1861-1892), autor de Dona
Guidinha do Poço, e Domingos Olímpio (1860-1906), de Luzia-Homem.

Os problemas do cotidiano
ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do
dia-a-dia e a linguagem passa a ser coloquial.

Entre os principais
autores estão romancistas realistas, como Machado de Assis, que escreve
Quase Ministro, e alguns românticos, como José de Alencar, com O
Demônio Familiar, e Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), com Luxo e
Vaidade. Outros nomes de peso são Artur de Azevedo (1855-1908), criador
de comédias e operetas como A Capital Federal e O Dote, Quintino
Bocaiúva (1836-1912) e França Júnior (1838-1890).

Naturalismo

O Naturalismo é a
radicalização do Realismo. (1880) Essa nova escola literária baseava-se
na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o
indivíduo é determinado pelo ambiente e pela heriedade. O Naturalismo
esboçou o que podemos declarar como os primeiros passos do pensamento
Teórico evolucionista. O Naturalismo expandiu-se para outras artes.
Índice mostrar * 1 Literatura o 1.1 Émile Zola * 2 Teatro * 3 Pintura *
4 Naturalismo luso-brasileiro Literatura Ver artigo principal:
Literatura do naturalismo Os romances naturalistas se destacam pela
abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O
resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na
época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra
naturalista, tem-se a impressão de estar lendo uma obra contemporânea,
que acabou de ser escrita.Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é
mero produto da heriedade e seu comportamento é fruto do meio em que
vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin
inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que
impulsionava a transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo
de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a
agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõe a
personalidade humana. Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste
Comte influenciaram de modo definitivo a estética naturalista. Os
autores naturalistas criavam narradores oniscientes, impassíveis para
dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como o
homossexualismo, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando
personagens que eram dominados por seus instintos e desejos, pois viam
no comportamento do ser humano traços de sua natureza animal. No
Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Eça de Queirós com as
obras O crime do padre Amaro e O primo Basílio, publicados na década de
1870. Aluísio de Azevedo com a obra O mulato, publicado em 1881, marcou
o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também de sua
autoria, marcou essa tendência. Em O cortiço a face completa do
Naturalismo pode ser vista, nessa obra o indivíduo é envolvido pelo
meio, o cenário é promíscuo e insalubre e retrata o cruzamento das
raças, a explosão da sexualidade, a violência e a exploração do homem.
Émile Zola O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o
escritor que mais se identificou com ele. O romance experimental (1880)
é considerado o manifesto literário do movimento. As leituras de Zola
sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das espécies foi
publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo
fisiológico e psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no
corpo humano, Zola iria desvendar na sociedade. A título de
curiosidade, conta-se que Zola pouco mais teve que fazer do que
substituír as palavras médico por romancista do livro "Introduction a
l'étude de la médicine experimentale" (Claude Bernard) para poder
escrever a sua obra "Le Roman Expérimental",de 1880. Outras influências
fortes sobre seu trabalho, nesse sentido, seriam a obra de Balzac (que
havia realizado uma verdadeira radiografia da sociedade francesa com a
série de romances. A comédia humana, concluída em 1846) e as idéias
socialistas em ascensão (O manifesto comunista de Marx e Engels é de
1848). Em 1871, Zola dava início a seu grande projeto, a série Os
Rougon-Macquart. A repercussão na imprenssa do êxito de A taverna
(1876) levou Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou sendo
considerado um escritor democrático, simpatizante do socialismo, mas
não gosto de rótulos. Se quiserem me classificar, digam que sou
naturalista. Vocês se espantam com as cores verdadeiras e tristes que
uso para pintar a classe operária, mas elas expressam a realidade. Eu
apenas traduzo em palavras o que vejo; deixo para os moralistas a
necessidade de extrair lições. Minha obra não é publicitária nem
representa um partido político. Minha obra representa a verdade". Em
1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema ousado: a
prostituição de luxo. Em 1885 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para
escrevê-lo, o autor não se contentou com a pesquisa, foi direto à
fonte. Passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de
carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para
se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a
dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do
calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário
para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e
a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por
isso sua narração é tão impactante. A força de Germinal causou enorme
repercussão, consagrando Émile Zola como um dos maiores escritores de
todos os tempos. Teatro Ver artigo principal: Teatro do naturalismo No
teatro, o naturalismo exerceu mudanças marcantes, com o surgimento do
diretor, do cenógrafo e do figurinista. Até então, o próprio ator
escolhia suas roupas, um único cenário era usado para diversas
montagens, e não estava definida a posição do diretor como coordenador
de todas as funções. A iluminanção passou a ser mais estudada e
adotou-se a sonoplastia. É um radicalismo do Realismo. Pintura Ver
artigo principal: Pintura do naturalismo Na pintura, um exemplo
naturalista é o famoso quadro de Van Gogh, Os Comedores de batatas
(1885). Naturalismo luso-brasileiro No Brasil, as primeiras obras
naturalistas são publicadas em 1880, sendo influenciadas pela leitura
de Zola. O primeiro romance é O mulato (1881) do maranhense Aluísio de
Azevedo, o escritor que melhor representa a corrente literária do
naturalismo entre nós. Além de O mulato foi o responsável pela criação
de um dos maiores marcos da literatura brasileira: O Cortiço. A
recepção crítica da teoria naturalista de Zola fez-se em Portugal por
intermédio de autores como Júlio Lourenço Pinto (1842-1907), José
Antonio dos Reis Dâmaso (1850-1895), Antonio José da Silva Pinto
(1848-1911) e Alexandre da Conceição (1842-1889). Esses, e outros como
Teixeira de Queirós (1848-1919), autor das séries Comédia do Campo e
Comédia Burguesa, e o mais destacado deles, Abel Botelho, (1854-1917),
criador da série Patologia Social, ou Carlos Malheiro Dias (1875-1941)
tentariam a aplicação do Naturalismo ao conto e ao romance. Pela
primeira vez, a literatura pôs em primeiro plano o pobre, o
homossexual, os negros e os mulatos discriminados. Alguns
representantes do Brasil foram Horácio de Carvalho, Inglês de Souza,
Julio Ribeiro, Emília Bandeira de Melo, Pápi Júnior, Rodolfo Teófilo,
entre vários outros.

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